domingo, 11 de abril de 2010

saída coletiva

Amigos,


Infelizmente, com as chuvas torrenciais que caíram no Rio de Janeiro, o Bonde Maré não pode ser realizado.
Os membros do projeto já tiveram que voltar a suas respectivas cidades de residência.
Por essa razão, não será possível organizar uma nova saida coletiva ao Museu da Maré.


Convidamos a todos a visitarem a exposição, que permanecerá até dia 27 de maio.


Não é complicado chegar (vejam postagens anteriores), nem implica riscos!



sábado, 3 de abril de 2010

BONDE MARÉ

Saída coletiva à exposição Arte in Loco no Museu da Maré
Horário: Terça-feira 6 de abril, 14 hs. 
Local: Praça da Cinelândia, em frente ao cinema Odeon
Saída coletiva desde a praça da Cinelândia para a visita da exposição Arte in Loco, no Museu da Maré, e bate-papo com os artistas Belén Romero Gunset, Daniel Murgel, Ezequiel Semo, Joana Traub Csekö, Luciana Lamothe e os curadores Pablo Terra e Beatriz Lemos.
Chegada prevista ao Museu: 15:30 hs.
Endereço do Museu: Av. Guilherme Maxwell, 26 - Maré
http://www.museudamare.org.br/joomla/
Mais sobre o projeto Arte in Loco:
http://inlocoproject.blogspot.com/

quarta-feira, 31 de março de 2010

Belén Romero Gunset

HOJE / OLA

Sou o COELHO AMARELO, agora visito o Rio de Janeiro, poderíamos dizer que chove e que o tempo parece ser, mais uma vez, hoje. Ao viajar no metrô da manhã de ontem, de uma janela eu li um anúncio da cidade que diz: "todos os dias são o dia do meio ambiente no Rio"... Como aqueles curtos segundos ao passear sob um arvoredo, alegra-me os raios de sol que brilham entre as sombras. Respiro, transpiro, caminho, escuto e tento descobrir o segredo da cidade, que está entre os seus moradores, entre a cozinha de suas rotinas, na narração de suas historias. Estou curiosa sobre a sua visão de futuro também.
Uma seqüência se repete: rodovias, carros, ruas que ligam lugares, casas, bancos, praças aonde as pessoas vivem, trabalham, acumulam coisas, jogam lixo na rua. = (
Mas hoje a cidade é feita de desenhos líquidos sobre a terra, trilhas convertidas em populosas avenidas verdes, que brincam na água, que se integram aos morros com uma beleza que me parece sobre-humana. Soa a esperança de um mundo melhor para a humanidade - integração do homem com o ambiente natural.
Montanha, água, calor, vento: na cidade são, opinam, dizem, mandam. Eles são os líderes.
Se Buenos Aires me faz sentir cinza, Rio me desperta otimista, porque são mais ecológicas as pedras da calçada antiga, mais ecológica a feijoada, o alumínio, a hegemonia da cerveja em alumínio, todos reciclam, e aqueles que não, tomam sucos em copos de vidro. McDonald’s, saia daqui.
Eu me sinto bem-vinda, minha árvore de família encontrei entre os animais da selva, estava a família Coelho, chamaram-me sussurrando de noite, prove todos os sucos, foi-me dito.
Tic Tac Tic Tac, hoje, os anos passam e a busca criativa e a construção responsável de uma integração sustentável com a natureza continua.

Daniel Murgel



O Cubículo, o labirinto dos ímpios e o pé de feijão...
“Dona Orosina Vieira, se encantou por um lugar aprazível e desocupado, durante seu passeio dominical pela praia de Inhaúma. Com pedaços de madeira trazidos pela maré, demarcou sua área e constitui com o marido um barraco”(1). 
Este trecho encontrado na internet, durante uma pesquisa que eu fazia sobre a Maré, encantou-me pela sua atmosfera bucólica e talvez até poética. Esta poesia que vive hoje apenas na memória, soterrada pelo ideal de modernização. As ilhas aterradas acabaram com qualquer possibilidade de deserção, fuga. O cubículo agora é a única possibilidade de isolamento, entre o aconchego e a proteção. A ilha agora está cercada por labirintos; o labirinto dos ímpios, que abrindo suas largas avenidas soterraram os manguezais e histórias – neste labirinto não tem lugar pra Minotauros (2).
João estava muito cansado, mas conseguiu reunir todas as suas forças e, apossando-se do machado, golpeou várias vezes o pé de feijão. Tendo sido cortada a planta, o gigante despencou lá do alto, caindo ao chão com um grande estrondo. Era tão pesado que | seu corpo, ao cair, fez uma cratera enorme, que demorou muitos anos para fechar. Livre do perigo que o ameaçava, João abraçou a mãe alegremente. E, desde aquele dia, os dois passaram a viver tranqüilos. Tempos depois, quando se tornou um homem forte e bonito, João se casou com uma princesa, com quem viveu feliz por muitos e muitos anos. Quanto ao pé de feijão, depois de cortado, secou completamente e, como não havia mais sementes, nunca mais nasceu outro igual. “  
Estas são as linhas finais da história de João e o pé de feijão, onde um menino pobre consegue roubar por três vezes o ouro do gigante.
(1) Dona Orosina é considerada uma das primeiras moradoras do morro do Timbau, no bairro da Maré. O trecho foi tirado do site wikipédia, sobre a história da Maré.
(2) O Minotauro, segundo a mitologia grega, era uma figura meio homem meio touro, e vivia isolado em um labirinto construído para mantê-lo afastado do povo de Creta.

Ezequiel Semo


A entrada no Rio de Janeiro
Percorri o Rio de Janeiro em ônibus. Assim pude ver um outro lado da cidade: o que está abaixo dos viadutos. Esse submundo, lugar de sombra e umidade, lixo e caminhões.
Em suas grandes colunas, paredes e lajes de concreto vive uma grafia despatriada. Nem grafite, nem propaganda institucional (privada ou estatal). Letreiros pintados com cal e ferrite, inteiros ou aos pedaços, divulgam a leitura de búzios (para prever o futuro) e vários tipos de trabalhos: a recuperação da pessoa amada, a compra e venda de carros.
Enquanto o grafite no Rio tenta tocar cornijas de edifícios e o próprio céu, estes letreiros penetram no subsolo.
Cartazes políticos
Na cidade de Buenos Aires e em sua região metropolitana há um trabalho gráfico semelhante ao observado no Rio, sendo que este anuncia a candidatura de políticos ou convoca o transeunte e militante a participar de uma manifestação política qualquer. Em período eleitoral podem estar por toda parte: pintados com cal puro e ferrite, ocupando espaços marginais (muros dos cemitérios, paredes que dão para as linhas férreas, pilotis de viadutos, muros de fábricas ou de edifícios abandonados). Eles são realizados à noite, por diferentes grupos de pintores que trabalham para diferentes partidos políticos. Há conflitos pela utilização dos espaços com maior visibilidade; é comum muitas vezes que sobreponham cartazes uns aos outros.
Pintores de letreiros do mundo: Uni-vos.
Pintar uma frase na sala de exposição do Museu da Maré.
Em Buenos Aires, Argentina, pinto cartazes, desenho letras e logotipos. Alguns meses há muito trabalho, outros não.
No Rio de Janeiro, gerar um intercâmbio.
Trabalhar com um morador do bairro da Maré. Conseguir uma comunicação que transcenda a paranóia e medo dos outros, gerada pela violência do sistema.
Buscar entre os moradores do lugar um pintor de letreiros. Aprender e percorrer o bairro da Maré, observar e documentar os letreiros expostos.
Perguntando nos arredores, entrei em contato com Ledilson Sabino da Silva (45 anos), um pintor de letreiros da Maré. Ele me disse que trabalha para uma empresa de transporte pintando frisos na carroceria dos caminhões.
Duas línguas, duas culturas, a mesma profissão: pintor de letreiros.
O subterrâneo está vivo. Embora se encham de escombros. É verdade. A Maré está viva.

Rio de Janeiro, março de 2010.


Joana Traub Csekö



Agradecimentos: Marli Damascena e todos que seguem constituindo o Arquivo Dona Orosina Vieira
série “Passagens” - Maré
A série “Passagens” começou a ser desenvolvida ano passado em Buenos Aires, durante a residência Arte in Loco. Ela trabalha fundamentalmente com as idéias de inserção e continuidade entre imagens, bem como as noções de sobreposição e entrelaçamento de diferentes tempos e espaços.
As imagens da série são montadas a partir de um acervo constituído por fotos capturadas por mim e por fotos achadas, apropriadas. O acervo abrange temas amplos: camadas subterrâneas da cidade (ruas perdidas, lugares esquecidos), arquitetura, pessoas, natureza... Este universo é livremente manipulado para a criação das “Passagens”. 
O processo, sutil, preciso, radical de inserção de imagens umas dentro das outras gera perspectivas temporais, conexões entre espaços, lugares que não existem. Destas fusões emergem imagens ficcionais onde entrevemos aberturas, entradas mas também veladuras, esquecimentos.
Para o Museu da Maré criei imagens usando exclusivamente fotografias do arquivo Dona Orosina Vieira*. Entendi ser mais instigante movimentar a variedade, complexidade e vitalidade do riquíssimo material contido neste arquivo e, portanto, optei por não fotografar eu mesma para este trabalho específico. Assim, espero criar dispositivos catalisadores, que tornem visíveis, do ponto de vista da arte, algumas destas camadas de tempo e história da Maré.
* “O Arquivo Dona Orosina Vieira formou-se a partir do projeto Rede Memória do Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (CEASM), há cerca de doze anos. (...) Os atores responsáveis por agregar esta informação são os próprios moradores do bairro, que são os atores mesmos das ações, das narrações e das memorações plasmadas nos documentos que temos hoje à disposição para escrever novas histórias da Maré.”  RIBAS, Cristina. Arquivos do Presente – Arquivo Dona Orosina Vieira,  2009 www.arquivosdopresente.wordpress.com

Luciana Lamothe



CALLE-RECORRIDO-PASILLOS IMPENETRABLES.
Gente que circula por ellos
Pero
PASILLOS IMPENETRABLES. Para quién? 
Qué mundo se abre dentro de ellos?
A dos días en ésta ciudad, creo que puedo reconocerlos.
Se asoman a las avenidas estrechos, en pendientes zigzagueantes, en línea recta, en autos en gente caminando.
Frente a ellos, reconozco, en medio de la entrada, cierta dimensión que me excede y que me enoja no poder correr hacia adentro y descubrir de qué se trata.
Me hubiera gustado que anoche Angélica nos invite a su casa. Angélica es una chica pasista que conocimos tomando una cerveza en la puerta de un pasillo impenetrable.



RUA-PERCURSO-CORREDORES IMPENETRÁVEIS
Gente que circula por eles
Entretanto
CORREDORES IMPENETRÁVEIS. Para quem?
Que mundo se desvela dentro deles?
Há dois dias que estou nessa cidade, acho que posso reconhecê-los.
Aos corredores somam-se às avenidas estreitas, em pendentes ziguezagueantes, em linha reta, em carros, em pessoas caminhando.
Frente a eles reconheço, em meio da entrada, certa dimensão que me excede e que me irrita por não poder correr adentro e descobrir de que se trata.
Teria gostado se Angélica nos tivesse convidado a sua casa à noite. Angélica é uma mulher passista que conhecemos tomando uma cerveja na porta de um corredor impenetrável.

Yuri Firmeza



ARQUITETÂNATANARCOSMOLOGIA
Para Artur Cordeiro e Carlos Emílio Corrêa Lima
Corpo Merzbau. Cidades fugidias.
Corpo vala finco palafitas. 
Suspensão.
(                                                                           )
Habitações flutuantes. Conglomerados apartados. Construção do medo.
Centro borda borra centro.

Evacuar – não - evacuar.
(                                                                           )
Arquitetura da desaparição. Luz das estrelas. Cidade Merzbau. Corpo fugidio. 
Estacas patas de insetos, aranha.

Teia e Vácuo.


domingo, 28 de março de 2010

quinta-feira, 25 de março de 2010

Inauguração sábado dia 27.03 às 14 hs no Museu da Maré!!!

Sambinha com grupo local, acontecimentos inusitados...

(veja postagens anteriores para saber como chegar)

http://www.museudamare.org.br/joomla/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=40&Itemid=65

O projeto

Um curador argentino escolhe três artistas de seu país; um curador brasileiro escolhe outros três de seu lado, ambos tendo como critério o caráter crítico de suas obras. Assim, Beatriz Lemos e Pablo Terra deram inicio a um processo de intercâmbio que aconteceu, primeiramente, na Argentina, em junho/julho de 2009. Daniel Murgel, Joana Traub Csekö e Yuri Firmeza passaram um mês em residência em Buenos Aires, recebidos pelos artistas Belén Romero Gunset, Federico Zukerfeld e Loreto Garin. Os seis expuseram na Fundacion Centro de Estudos Brasileiros. O projeto foi conduzido de forma independente, contou com o apoio de galerias e leilões entre amigos e, como um dos fatores marcadamente importantes, o esforço e a força de vontade dos integrantes do projeto, uma vez que aceitaram produzir uma obra, levando em conta as particularidades do encontro entre artistas e da convivência na capital argentina.

A continuidade do projeto já previa a ida dos argentinos ao Brasil e foi impulsionada pelo apoio da Funarte e do Museu da Maré. E pela entrada de dois novos artistas, Ezequiel Semo e Luciana Lamothe, que vieram da Argentina no lugar de Garin e Zukerfeld. Trabalhar no bairro da Maré acrescenta ao projeto um novo desafio, não só para os argentinos como para os brasileiros, pois que oriundos de outro contexto urbano e social, surgem amplas e construtivas possibilidades: como trabalhar numa comunidade singular em sua historia e modo de vida sem cair numa leitura superficial e estereotipada? Como trabalhar, também, com esse novo público, atraí-lo e criar uma comunicação estimulante, uma troca?

Nesse aspecto, a consciência contextual adquire, então, um papel fundamental, mas delicado. Desse modo, a chegada à Maré, foi realizada com cuidado e, sobretudo, respaldada no respeito; enquanto percorria-se suas ruas, interagia-se com seus moradores e buscava-se sua historia para poder construir um trabalho em dialogo com esse espaço.

Juliana Gontijo